terça-feira, 2 de outubro de 2007

Reviver o desnecessário

Tu levaste-me à criança que eu sou lá no fundo e eu a achar que já tinha crescido ao ponto de nunca mais me sentir assim! Sinto-me abandonada como quando a minha mãe me deixou pela primeira vez numa festa de anos de uma amiga. Foi emocionante, não cheguei a ter medo, mas fiquei apreensiva e foi a minha primeira experiência de auto-suficiência e de liberdade...assustadora! Deixei de ter guia, amarras...quando regressei a casa senti que tinha dado um passo para a minha independência, que essa experiência já a tinha passado.
Agora volto a sentir pelo teu abandono da minha vida a mesma sensação de apreensão, de liberdade assustadora. Mas agora não o sinto como experiência, não o sinto como um passo fundamental para o resto da minha vida.

Há amarras que se têm de soltar a certas alturas e embora assustem achamos positivo e ficamos contentes por ultrapassa-lo, pois são componente do nosso crescimento. Outras amarras não são feitas não à nascença, mas à custa de investimento e algumas dessas, esta para mim, chegam também a abraçar o cerne do nosso ser. Estas se se soltam, quer venham mais tarde a ser considerado bom, ferem esse cerne. E sabemos que segundo a primeira experiência conseguimos sobreviver, mas agora não queremos perder a prisão, o laço, não queremos a liberdade independente.

Aquela sensação avassaladora de abandono que roça a nossa imagem, a nossa integridade emocional...como pode ser igual àquela da minha infância? Os sentimentos afinal são como a agua que desce das montanhas...descem...os caminhos podem ser diferentes, a velocidade também, ...mas quando salta faz sempre "splash", dispersa sempre.
E junta ou dividida, por diferentes caminhos, o fim é sempre o rio, é sempre o mar...até uma nova evaporação.

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