quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Desejo

que me desejes o quanto te desejo
que compreendas o quanto te compreendo
que me saibas o quanto te sei
que acredites o quanto acredito
e que me abraces na forma dum beijo!

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Shhhhhhh

Destapo-te o ombro quente
Beijo-te a pele como quem a cheira
Sem pressa deslizo as mãos e os dedos
Em todas as curvas e encurvo todas as linhas
Pouso-me em ti só por pousar
Prendo-te entre mim e a gravidade
Quero ser o teu horizonte e o teu céu
Sentires-me à tua volta, prender-te assim...
Sentindo que também queres chegar a mim

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Um dia, uma noite

Nasceu um dia maior que um ano!
Andou no seu amor como quem corre num roseiral... 
alegre, bonito, imortal...
Veio a noite e quanto tempo durará?
Sentou-se, ainda sente em si tão vivos...
o ardor, o sarar, os picos...

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Enlevos

Nascem-me flores nas mãos, como se fosse natural.
Espirais iluminam as curvas do meu corpo.
Nos braços movimentos diagonais, no tronco inclinação.
Os reflexos posturais são sincronizados, o meu olhar no teu.

Sem necessidade a necessidade nasce, como se fosse natural.
As pernas movem-se, são mais dois braços no corpo.
Não existe Norte, nem Sul, flutuamos no céu sem chão.
Uma chuva de estrelas cadentes passeia-se entre nós.

O imortal afirma-se sem fim e parece-nos, simplesmente, natural.
A alma sem pedir licença apodera-se do corpo.
Sem notas, sem acordes, a mil vozes compõe uma canção.
Os nossos gestos sorriem, seduzem-te e enternecem-me.

Fecho os olhos e estamos no sonhar acordados, é natural...
Com luzes de não sei donde brilha o espaço e o nosso corpo.
No suspiro o acalmar do vento,  na tua pele ainda a ligação.
Não quero dar-lhe hora, tempo, defini-lo...
                                      é  natural, é um momento, é um refrão!

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Ser criança é ser amar

É deixa escorrer o outro no coração como um bálsamo e abrir todas as portas do seu ser… 
É confiar, aceitar ser vulnerável e, sem saber do tempo ou do momento, guiar-se pelo sentimento...

É saber que estão do mesmo lado nas horas difíceis.
É enfrentar os demónios de cada um a dois e saber que nessas horas um simples abraço vai ajudar.
É apoiar sem ser um peso, ouvir sem estar a dormir, mesmo quando o outro não está a falar.

É tentar perceber, sem dramas, que quando se grita se está a chorar.
É ouvir, sem nunca acreditar que o fazem para magoar, e esperar que percebam que só quer ajudar.
É dar a  mão e esperar sempre que o outro a apanhe...
É ter a coragem de aceitar que terá sempre que crescer.
É não aguentar um amuo muito tempo, nem deixar o silêncio durar.
É aproveitar tudo, é ter vontade de ser e de estar.
É não deixar que a relação seja pobre, pois para si não o é. 
É saber rir-se dos defeitos que não importam e aproveitar o tempo, aproveitar bem o tempo, não o matar.

É ainda aceitar, mais triste que magoado, que o outro se calhar não saiba o sublime e lindo que é ser criança quando se trata de amar...

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Trá lá lá


A tua mão, a toda a velocidade, pára a milimetros do meu braço.
Um impeto não controlado, um controle não desejado.
Depois é afinal todo o teu braço que me apanha as costas,
Num gesto muito menos travado, conscientemente levado.
Apertas-me como se quisesses que soubesse de ti, sem teres de dizer.
E eu sei, correm-me palavras em cascata nos pensamentos,
Desordenadas.... e uma ou outra consigo travar antes de fugirem,
Atropeladas pelas que se encadeam, sem parar.
E ouço-te, ouço-me... sinto o que o abraço nos faz abraçar.
Demoramos hipnotisados nesse momento em silêncio,
Em que o corpo se esquece sem se deixar de fazer lembrar.
E surge-me uma vontade, gritante, de nos cantar, de te beijar.

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Agri-doce

Junta a tua tristeza à minha.
Vamos solta-las com uma gargalhada.
E no meio dos nossos abraços vê-las partirem.
Fiquemos os dois, largando o aperto do coração,
Deixando o sentimento ir junto com a ilusão.

Vem, junta a tua tristeza à minha,
E vamos desenha-las com a pluma da recordação
Em traços a sépia, espirais até chegar ao fim.
E sem a matar, porque não se pode,
queimar a folha e guarda-la em esboço na memória.

Junta a tua tristeza à minha,
Juntemos as lágrimas, as perguntas sem resposta.
E deixemos voar pelo ar a fantasia duma vida,
Que devagar se escoa num passado por nós abençoado.
E no presente resgatá-la, de mansinho, para nós.

Vem, junta a tua tristeza à minha,
Não to vou pedir, vou implorar: aceitemos o passado,
O meu, o teu... cada um lindo e triste.
Porque me tocaste, eu toquei-te, eu percebi, tu percebeste
Que nos aconteceu querer, de mãos dadas, reaprender a voar.

domingo, 1 de agosto de 2010

Acção!

Desassossega-me os dias que trago comigo
com uma palavra fora do teu registo,
numa troca de olhares pretensamente fugitiva,
uma mão que só eu vejo estender-se no meio da multidão.
Desenquieta-me o coração que anseia respirar
com uma dedicatória disfarçadamente leve,
num momento aparentemente superficial,
um sorriso que só eu consiga adivinhar.
Como se se tratasse de um poderoso segredo só nosso,
num complot do qual só nós conhecemos os meandros,
uma aventura registada sem pelicula na câmara!

sábado, 31 de julho de 2010

Num hoje

O mundo esmerou-se e ficou lindo como nunca o vi
Juntaram-se os barcos no horizonte, alinharam-se
Como numa festa que se prepara, quando se retorna às origens
O céu ficou rosa e foi-se desbotando num sorriso dissimulado,
O mar pacífico quis ser cinzento, discreto
No ar uma brisa ténue, nos ouvidos o som das ondas
No meu peito os acordes com que me amanheceste
Na minha alma o espanto, a calma, a vida,...a festa?

quinta-feira, 29 de julho de 2010

Nasceu, morreu

Nasceu um sonho, uma esperança.
Juntou-se a matéria num movimento.
Abriram-se caminhos, fizeram-se canções.
E na embriaguez da vitória ideal
Viveram-se dias felizes, ensoleirados,
Até aparecerem as nuvens, inescapáveis.
Surgiram sombras e necessidades.
Dentro das multidões muitos já tinham perdido
A guerra, sem a saber, que nunca começou.
Mas, sem vencedores nem vencidos,
Morreu, levando com ela o fim da quimera.
E sem braços estendidos, apenas olhos marejados,
Passou a ser a história que não se fala,
Mas que ninguém esqueceu.

Sob o céu

Sinto no braço as tuas carícias quando sozinha escrevo
E sinto que fazes os raios de luar virarem-se para mim quando me perco,
Sei que falas ao sol para me acordar quando fico entorpecida,
Sei que me sussurras por trás da orelha e me afagas o cabelo de noite.
Sinto na luz da manhã o teu bom dia querida e a tua presença discreta
E sinto falta de te poder dizer sem parar que me sinto vaidosa
De me considerares assim e reconhecida de me reconheceres.

O tempo

que como um calendário perpétuo se repete, só se libertará quando perceberes que não se reduz a números e cálculos e que não pode ser quantificado!

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Gravemente ou levemente

estou em gravidade zero, sem solo, sem tecto!

Sinto muito!

Não penso, sinto... Sinto e falo e fico "nua" à tua frente...
Não sei o que pensar, mas sei o que sinto... e sinto muito!

Só se

Abre as portas do sonho, meu amor
Deixa-as inundar de imagens as minhas paredes
Encher de luz as minhas sombras preciosas
Mas só as abras se quiseres que as minhas imagens
Inundem as tuas paredes e iluminem as tuas sombras

Tu és todas as estações

Trazes em ti a plenitude dos dias Verão
No calor dos abraços, na luz do teu sorriso
No luar dos teus olhos que me fascinam
Trazes em ti as tardes de Outono
Na beleza dos teus sentimentos
Na calma das tuas atitudes
Trazes em ti as noites de Inverno
No aconchego de conversas únicas
No refúgio tão apetecido que é a tua alma
Trazes em ti as manhãs de Primavera
No nascer de esperanças, dia após dia,
Na leveza de sonhos por realizar
Trazes contigo todas as estações que consegues materializar
sem obeceder a uma ordem ou duração predefinidas